Publicado em: 2 de dezembro de 2016
A audiência da Comissão de Transporte, Comunicação e Obras Públicas da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), destinada a debater problemas nos serviços de telefonia e internet em Formiga (Centro-Oeste de Minas), acabou por aproximar moradores e comerciantes locais e operadoras que atuam na cidade, ampliando as chances de solução dos problemas. O encontro foi realizado nesta quarta-feira (30/11/16), a requerimento do deputado Gustavo Valadares (PSDB).
“A modernidade às vezes gera esse desconforto. Hoje, ninguém consegue ficar sem os serviços de comunicação, sobretudo o telefone celular”, lembrou o deputado, que pediu mais atenção das operadoras para a região. Ele enfatizou o potencial da ALMG para intermediar essas questões e lamentou a ausência da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). “As operadoras têm consciência de que precisam melhorar os serviços em Formiga e nos municípios vizinhos”, acrescentou.
A situação no município foi relatada pelo vereador Mauro César Alves de Sousa, que denunciou quedas constantes do sinal de telefonia e internet ou mesmo a falta de sinal, em algumas ocasiões por até cinco dias. Os problemas, segundo ele, ocorrem há mais de três anos e já houve tentativas de negociação com as operadoras. “O município é frágil para fazer pressão. Com o Legislativo, temos mais chances”, afirmou.
Entre as consequências das falhas de comunicação, Mauro apontou prejuízos para o comércio e os serviços e também para os cerca de 70 mil moradores, que pagam caro pelo serviço. “Isso prejudica a saúde, a segurança, o jornalismo. A gente liga para o número 193 e cai em município vizinho”, exemplificou. O vereador também apontou dificuldades para contato no call-center das operadoras.
O comandante do pelotão do Corpo de Bombeiros do município, Tenente Cunha, reforçou as consequências para a segurança. O direcionamento incorreto das ligações do 193, segundo ele, interfere no tempo de resposta da corporação. “As ligações originadas da TIM não são completadas. Outras vezes, o bombeiro precisa falar com a vítima, para localização do local de ocorrência, mas não consegue”, enumerou.
Outro vereador de Formiga, Arnaldo Gontijo de Freitas, salientou que o problema afeta, de modo mais contundente, as comunidades rurais e os pontos turísticos, com impacto nos impostos arrecadados pelo município. “Formiga é a porta de entrada para o Lago de Furnas, que deveria incrementar o turismo na cidade. Mas a comunicação não existe”, frisou.
Empresários apresentam propostas
As queixas dos empresários foram reforçadas pelo presidente da Associação Comercial e Industrial de Formiga, Luiz Gustavo de Sousa, que apresentou também propostas para as operadoras. Ele lembrou que Formiga é sede de uma microrregião com nove cidades, mas que não tem um escritório das operadoras para atender pessoas jurídicas, como ocorre em Passos (Sul de Minas), por exemplo.
Outro problema é que os provedores de internet, sobretudo o Oi Velox, que é majoritário, não tem garantia mínima de serviço prevista em contrato, como ocorre em cidades maiores. Os comerciantes pediram vigilância 24 horas nos pontos em que estão os equipamentos estratégicos, além de uma antena específica para a região de Furnas. “Trata-se de uma questão de competitividade. A empresa para sem a comunicação”, reforçou Luiz Gustavo.
Sinal de fumaça – Vários empresários do turismo acompanharam a reunião. O proprietário do resort Furnas Park, Paulo Alves, reforçou as dificuldades do empreendimento para fornecer wi-fi ou para cobrar em cartões de débito e crédito, por exemplo. Ele chegou a comemorar a instalação de uma linha telefônica analógica no hotel, prevista também para esta quarta-feira (30).
O Furnas Park foi aberto em 2010, após investimento de R$ 15 milhões, e tem até aeroporto particular. “Temos que nos comunicar por rádio e estamos perdendo negócios. Entre fevereiro e agosto de 2015, ficamos totalmente sem comunicação, tendo que enviar sinal de fumaça”, ironizou o empresário.
Ubirajara Nascimento Santos, gerente da rede de supermercados ABC, que atua em 17 municípios do Estado, também pontuou problemas como preço muito mais alto em relação a outras localidades e a dificuldade de equipar as lojas com tecnologia e inovação. “Em três meses, registramos 17 chamadas só de uma loja para resolver problemas nas operadoras. E sou obrigado e ter link caríssimo para ter o serviço de todas as operadoras e garantir o atendimento ao cliente”, contou.
As falhas de comunicação afetam também outros municípios da região, conforme relatou Érica Leão, prefeita eleita de Córrego Fundo, que fica a nove quilômetros de Formiga. Segundo ela, as comunidades rurais não têm acesso à internet e, mesmo na área central, há sinal de apenas uma operadora. “O maior problema é com a segurança porque não há como fazer contato com a polícia”, frisou.
Operadoras prometem encaminhar demandas
As operadoras Vivo e Oi, majoritárias na região, enviaram representantes, que apresentaram dados relativos a Formiga, responderam a questionamentos dos participantes da reunião e se comprometeram a levar as reivindicações às empresas. O consultor de Relações Institucionais da Vivo, Ricardo Mascarenhas Lopes Cançado Diniz, atribuiu ao vandalismo alguns dos problemas mais sérios ocorridos em Formiga em 2015, como a falta de sinal por dias seguidos.
Segundo Ricardo, a Vivo vem blindando equipamentos para evitar novos incidentes e está atenta também à demanda específica da região do Lago de Furnas. O consultor especificou, ainda, o atendimento à zona rural, que, segundo ele, não tem a mesma capacidade ou a mesma mobilidade previstas na regulamentação. E citou mudanças que precisam ser feitas na legislação municipal sobre instalação de antenas.
Sistema 4G – As duas empresas citaram a instalação do sistema 4G na cidade em 2017. Ela foi garantida pela Oi e está no planejamento da Vivo. Esse sistema aprimora, sobretudo, o tráfego de dados, conforme reforçou o gerente de Relações Institucionais da Oi, Marcos Borges. Ele também explicou os critérios para atendimento de telefonia fixa, que prevê a universalização do serviço, e da telefonia móvel, e lembrou que nenhuma operadora tem cobertura em 100% dos municípios mineiros. Borges também se comprometeu a analisar as falhas no direcionamento das ligações para o telefone 193.
Fonte: ALMG